Sunday, July 5, 2015

Tratando a acondroplasia: a meclizina tem efeitos positivos sobre o foramen magnum em um modelo de acondroplasia

Introdução

Durante a 7ª Conferência Internacional sobre Saúde Óssea em Crianças, ocorrida na semana passada em Salzburg, Áustria, o grupo japonês que tem trabalhado com a meclizina (ou meclozina) apresentou novos resultados de sua contínua pesquisa na exploração deste medicamento para o tratamento da acondroplasia.

Normalmente, investigadores que apresentam seus trabalhos em congressos científicos não têm espaço para publicar todos os resultados de seus estudos nos anais do congresso, somente um resumo do que foi realizado e, por isso, a informação aqui está limitada ao que já foi divulgado. Podemos esperar que uma descrição completa deste trabalho será publicada ainda em 2015.

Pesquisa

De acordo com o resumo disponibilizado (1), o grupo de Matsushita realizou vários estudos complementares. Eles desenvolveram um modelo de rato com acondroplasia e administraram, para animais em crescimento, alimento que continha meclizina durante três semanas. Eles notaram que todos os ossos longos e vértebras nos animais tratados cresceram significativamente mais do que no grupo controle. No entanto, eles não observaram diferenças em relação ao foramen magnum. O fechamento precoce das suturas cranianas é considerado uma característica típica da acondroplasia e a razão para a ocorrência de estenose do foramen magnum e de outras complicações neurológicas (2,3).

Eles também deram meclizina para ratas grávidas e estudaram as sincondroses (as suturas cranianas) ao redor do foramen magnum e verificaram que a administração materna de meclizina reduziu a formação de pontes ósseas nessa região, o que significa que a meclizina foi capaz de retardar o fechamento das suturas nos recém-nascidos tratados ainda no útero.

Teremos de aguardar os resultados completos para compreender melhor as experiências e os seus resultados. Por exemplo, o resumo não menciona informações de segurança sobre a administração da meclizina em animais grávidas. No entanto, esta é a primeira vez que um fármaco, administrado em animais grávidas, foi descrito como tendo influência positiva no padrão de crescimento do foramen magnum em animais com acondroplasia, dessa forma posicionando a meclizina como um candidato potencial à terapia muito precoce na acondroplasia.

Qual é a implicação destes testes preliminares com a meclizina para a vida real?

Se for comprovado que a meclizina é segura e tem efeitos positivos no retardo do fechamento das suturas cranianas in utero, na acondroplasia, este poderia ser um grande avanço a fim de reduzir ou mitigar as complicações neurológicas comuns observadas em recém-nascidos e bebês com acondroplasia. Além disso, cabe pensar se a meclizina não poderia ser testada também em modelos de craniossinostoses como a Síndrome de Muenke, que também é causada por uma mutação no FGFR3.

Para saber mais sobre a meclizina, você pode visitar esses artigos anteriores do blog (que também contêm as referências dos estudos originais):
Referências

1. Matsushita M et al. Meclozine has a potential effects on short stature and foramen magnum stenosis in transgenic mice with achondroplasia. Bone Abstracts (2015) 4 OC13 | DOI:10.1530/boneabs.4.OC13. Free access.

2. Matsushita T et al. FGFR3 promotes synchondrosis closure and fusion of ossification centers through the MAPK pathway. Hum Mol Genet 2009;18(2):227-40. Free access.


3. Di Rocco et al. FGFR3 mutation causes abnormal membranous ossification in achondroplasia.Hum Mol Genet. 2014;23(11):2914-25. Free access.

No comments:

Post a Comment